quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Racionalidade e sensibilidade na filosofia cartesiana


Depois de examinar atentamente, e por diversas vezes, o “Discurso sobre o método”, de René Descartes, separei algumas passagens da obra que servem de roteiro para quem efetivamente quer compreender o problema que ele se propôs resolver.

Vamos lá, ele inicia afirmando que....às vezes preciso seguir opiniões, que sabemos serem muito duvidosas, como se não admitissem dúvidas....". Depois, a seguir, prossegue dizendo “...porém, por desejar então dedicar-me apenas a pesquisa da verdade, achei que deveria agir exatamente ao contrário, e rejeitar como totalmente falso tudo aquilo em que pudesse supor a menor dúvida, com o intuito de ver se, depois disso, não restaria algo em meu crédito que fosse completamente incontestável.”

Por isso, decide iniciar seu estudo buscando um ponto de partida. Algo que pudesse servir de início às investigações. Essa é a razão de afirmar que “ao considerar que os nossos sentidos às vezes nos enganam, quis presumir que não existia nada que fosse tal como eles nos fazem imaginar (...) Depois, havendo refletido a respeito daquilo que eu duvidava, e que, por conseguinte, meu ser não era totalmente perfeito, pois via claramente que o conhecer é perfeição maior do que o duvidar, decidi procurar de onde aprendera a pensar em algo mais perfeito do que eu era...”

Foi por esse motivo que ele escolheu examinar a capacidade racional (de pensar) antes de examinar as competências humana que permitem às pessoas sentir. Isso fica muito claro na seguinte passagem de sua obra: “Porém, logo em seguida, percebi que, ao mesmo tempo que eu queria pensar que tudo era falso, fazia-se necessário que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, ao notar que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão sólida e tão correta que as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de lhe causar abalo, julguei que podia considerá-la, sem escrúpulo algum, o primeiro princípio da filosofia que eu procurava.”

Portanto, qualquer estudo sério de filosofia precisa iniciar pondo em evidência a distinção que há entre o universo sensível, que se imprime sobre os sentidos humanos e que permite ao homem se relacionar com o mundo da natureza, da capacidade que todo o ser tem de pensar sobre isso.

Distinguir sensação e pensamento (vai permitir entender a diferença que existe entre ciência e conhecimento, moral e ética, transcendente e imanente, etc) é o ponto de partida desse estudo e, sem distinguir um do outro, todo aquele que se diz filósofo é um ser estúpido ou, então, no mínimo, um trapaceiro de si mesmo (o que é o mesmo)!

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